quinta-feira

Dutra, 8 de novembro de 2009

Mônica,
hoje choveu.
Eu olhava pela janela e as gotas transformavam as luzes dos carros em estrelas disformes e distantes.
Eu não sei mais o que fazer de mim, eu que só faço burradas. Coisas estúpidas, idiotas mesmo.
E eu me sinto adolescente em pensar que gostaria que ele me abraçasse e dissesse que está tudo oquei. Eu, que ainda não sou adulta, que não quero nada e que gosto tanto, mas tanto, de batatas que me perco em gostar.

Mônica, o que é que a gente faz do mundo quando ele vira ao contrário e parece mais certo assim?
me olhei no reflexo e era eu. Era eu disforme, talvez. Não. Mas a realidade de eu ali me espantou mais do que qualquer coisa. Mõnica, a gente é assim, o espelho nos mostra. É o mundo que nos faz girar pra frente (e cair?)?
eu devia dar um jeito na minha vida, nas minhas coisas, no meu cabelo... Eu devia assistir às aulas da faculdade, tomar um banho, fazer um sexo que fosse. Sei lá, eu devia alguma coisa. mas nada me persegue e eu desaponto os outros em desculpas.

Mas mônica, estou feliz. não se engane. feliz na minha melancolia, eu acho. É todo mês assim, deve ser TPM.

Eu olhei pela janela, depois da chuva. Olhei através dela. E talvez eu não devesse, talvez devesse ter continuado quieta no meu canto. mas olhie.
Mas eu olhei. E as luzes piscavam, mesmo. não é metáfora. Em tempos diferentes, todas elas. as luzes dos postes. Piscavam seus halos e era percebível.

Nossa, acabou de passar um carro na contramão ou estou ficando louca?

Em ônibus de viagem não há conforto e minhas pernas sempre formigam. Vou, como sempre, levantá-las desejando estar em outro lugar, talvez com um pouco de carne assada com batatas, que eu adoro.
Vou levantá-las desejando ser levantada. E cumprirei meus desejos como ordens, porque gosto assim.
Mônica, talvez eu pare a carta por aqui. Sem mais. Porque eu gosto de enrolar, mas queria escrever um poema e parece que ele não vai sair assim.

Voltou a chover. Ainda faz frio. Maldito ar condicionado, eu queria abrir a janela e sentir o vento e a chuva no meu rosto, embora não possa, exatamente. Não dá pra escolher muita cpoisa em ônibus de viagem.

Mas sabe, talvez eu faça isso.

é.


Amor, Ray

Um comentário:

  1. Ai, Ray... Que lindo. Adorei! Quero responder. Cê falou umas coisas que bateram aqui dentro. Tentei comentar mas deu pau.
    Gosto pra caramba de você, sua danada!
    Um beijão!

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